domingo, 20 de fevereiro de 2011

VOCÊ SABE O QUE É O PISA?

O PISA é um programa internacional de avaliação comparada, cuja principal finalidade é produzir indicadores sobre a efetividade dos sistemas educacionais, avaliando o desempenho de alunos na faixa dos 15 anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países. Esse programa é desenvolvido e coordenado internacionalmente pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), havendo em cada país participante uma coordenação nacional. No Brasil, o PISA é coordenado pelo Inep – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais “Anísio Teixeira”. As avaliações do PISA incluem cadernos de prova e questionários e acontecem a cada três anos, com ênfases distintas em três áreas: Leitura, Matemática e Ciências. Em cada edição, o foco recai principalmente sobre uma dessas áreas. Em 2000, o foco era na Leitura: em 2003, a área principal foi a Matemática; em 2006, a avaliação teve ênfase em Ciências.

Alguns elementos avaliados pelo PISA, como o domínio de conhecimentos científicos básicos, fazem parte do currículo das escolas, porém o PISA pretende ir além desse conhecimento escolar, examinando a capacidade dos alunos de analisar, raciocinar e refletir ativamente sobre seus conhecimentos e experiências, enfocando competências que serão relevantes para suas vidas futuras. No Pisa 2009, o foco de análise foi a leitura. Nesse ranking, o Brasil obteve 412 pontos a China, primeira colocada, chegou a 556 pontos. Foram avaliados diversos aspectos na leitura, como a capacidade de reflexão, avaliação e interpretação dos alunos, por exemplo. De acordo com o relatório divulgado pela OCDE, o Brasil teve "um grande ganho" na nota de leitura nos últimos anos. Apesar disso, o país ainda fica atrás de Chile (44º), Uruguai (47º), Trinidad e Tobago (51º) e Colômbia (52º). Por outro lado, o Brasil conseguiu ficar à frente da Argentina (58º) e do Peru (63º). Em ciências, os estudantes brasileiros ficaram com 405 pontos. Em matemática, a nota ficou em 386 pontos (a China obteve 600 nesse quesito).

DIFICULDADES

O relatório apontou que o Brasil tem dificuldades para melhorar a educação, uma vez que o país é grande e tem muitas escolas rurais. Sobre o levantamento, o Ministério da Educação afirmou que o Brasil está entre os países que mais cresceram no Pisa nos últimos anos, cumprindo a meta do PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação) de atingir a média 395 pontos nas três matérias.

FONTE: FOLHA.COM

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Programa um computador por aluno


Programa prevê doação de computadores para alunos da rede pública.

O Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva lançou neste em julho do ano passado, o PROUCA (Programa Um Computador por Aluno) em Caetés (PE). Atualmente o projeto está em processo de implantação em quatro escolas públicas urbanas do município. O Prouca é uma iniciativa da Presidência da República, coordenada em conjunto com o Ministério da Educação (MEC), que visa promover a inclusão digital mediante a distribuição de computadores portáteis (laptops) em escolas públicas da rede de educação básica.
Os fabricantes de laptops de uso educacional passam a contar com um regime especial para a procução dos equipamentos, dentro do programa Um Computador por Aluno (Prouca). O presidente Lula assinou o Decreto 7.243, que institui o Regime Especial de Aquisição de Computadores para uso Educacional - Recompe.
O Prouca irá atender as escolas das redes públicas de ensino federal, estadual, distrital, municipal ou nas escolas sem fins lucrativos de atendimento a pessoas com deficiência.


O Governo irá adquirir os laptops educacionais por meio de licitação e as soluções terão de ser em Software Livre e de Código Aberto, sem custos de licenças. Os equipamentos também terão de trazer embutido interfaces de comunicação com tecnologia sem fio (Wi-Fi, Bluetooth, WiMax ). Os laptops educacionais foram classificanos na NCM códigos 8471.30.12 e 8471.30.19.

Além dos equipamentos, o Ministério também está provendo banda larga e infraestrutura de rede sem fio para os estabelecimentos de ensino participantes, além da capacitação dos professores para uso do equipamento e utilização dessa tecnologia no processo pedagógico escolar.
Segundo o MEC, como parte do Programa, o governo federal financiará estados e municípios que queiram expandir a oferta dos equipamentos, disponibilizando R$ 650 milhões por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

FONTES:
tecnologia.terra.com.br
convergenciadigital.uol.com.b

Como devera ser a educação no futuro


Como deverá ser a educação no futuro? Para iniciar uma reflexão sobre a matéria, valho-me do documento da Unesco, de 1998, "Os Quatro Pilares da Educação".
O documento, ao rejeitar uma visão meramente instrumental e produtivista, afirma que a educação do homem do presente e do futuro deverá ser organizada em torno de quatro aprendizagens fundamentais: o "aprender a conhecer", o "aprender a fazer", o "aprender a viver" e o "aprender a ser", via essencial que integra as três precedentes".
Com o primeiro, o "aprender a conhecer", a ênfase recai no domínio dos próprios instrumentos do conhecimento, visto como "meio e finalidade da própria vida humana". É "meio" porque o conhecimento, na nossa época, tornou-se o principal fator produtivo e "finalidade" porque o compreender, o conhecer e o descobrir tornam-se fontes inesgotáveis de prazer e de auto-realização. O documento adverte-nos contra a especialização excessiva, recomendando-nos que o conhecimento seja transmitido juntamente com a cultura geral. Diremos que esta não se confunde com "generalidade" que, segundo Ítalo Calvino, "é a pior praga da escrita de hoje" - e, certamente, o pior produto que um sistema educacional possa vir a produzir. A formação cultural, pelo contrário, além de ser cimento das sociedades no tempo e no espaço, favorece a abertura do ser humano para outros campos do conhecimento. O sucesso de um programa de educação (aí incluído o primário), poderá ser medido pela sua capacidade de transmitir às pessoas o impulso e as bases para o aprender permanente ou para o aprender a aprender, que deverá ser mantido de forma continuada ao longo da vida.
O segundo pilar, o "aprender a fazer", refere-se à formação profissional que, na era da chamada de terceira revolução industrial, passa por profundas transformações. Não há mais profissão ou conhecimentos que se aprendem na Escola para serem usados pelo resto da vida. As tarefas manuais de produção são gradativamente substituídas por outras, mais intelectuais, que dizem respeito ao comando de máquinas ou de processos, cada vez mais inteligentes e sofisticados na proporção em que o trabalho se "desmaterializa".. Por isto, o desafio da formação profissional na atualidade está, segundo o documento, na ênfase à "competência individual", um coquetel que mistura, em proporções variadas, a formação técnica atualizada com a capacidade de iniciativa e de comunicação, com a aptidão para o trabalho em equipe, com o gosto pelo risco e com a habilidade para gerir e resolver conflitos.
O terceiro pilar é o "aprender a viver juntos ou conviver com os outros". O globalização, ao acentuar a "tendência em direção à homogeneização global e à fascinação com a diferença", tanto aproxima os diferentes quanto, pela acentuação das desigualdades sociais, regionais e entre países, pode acelerar a separação e os conflitos inter étnicos no mesmo território ou entre Estados vizinhos. A diminuição da violência e a busca da paz tornam se objetivos cada vez mais permanentes da Escola e da sociedade. Não há dúvida de que a experiência multirracial e multicultural praticada no Brasil desde a colonização, pode e deverá ser uma referência cada vez mais importante para o presente e para o futuro. O "aprender a viver juntos" deverá traduzir-se em maior capacidade de compreender o diferente, de argumentar, de dialogar, de negociar e participar de projetos comuns. A prática de esportes e os programas de natureza cultural oferecem infindas possibilidades para um convívio mais fraterno e enriquecedor entre pessoas diferentes, mas que podem, pacificamente, perseguir um objetivo comum.
Com o último pilar, o "aprender a ser", o documento da Unesco preconiza o compromisso da educação com o desenvolvimento total da pessoa humana: o espírito e o corpo; a inteligência, a sensibilidade e o sentido estético; a vontade, a responsabilidade individual e a espiritualidade. O "aprender a ser" implica o auto-conhecimento, a autonomia do sujeito e seu espírito de iniciativa e de independência; reafirma o reconhecimento do outro: a diversidade de personalidades e a pluralidade de estilos, valores e idéias que fazem a riqueza do ser humano e a beleza da humanidade.
Cabe, para concluir esta reflexão, estabelecer uma última analogia com a "multiplicidade" em oposição à "unicidade", a quinta qualidade da literatura, segundo Ítalo Calvino, para o próximo milênio.
Um sistema educacional que objetiva preparar o sujeito para o mundo de incerteza e para a construção do futuro deverá também dar maior ênfase à curiosidade, à criatividade, à inovação e à imaginação. "Quem somos nós, pergunta-se Calvino, senão uma combinatória de experiências e informações, de leituras e de imaginação?" ("Seis Propostas para o Próximo Milênio"). Certamente, esta inventividade humana será o "leitmotiv" a inspirar a educação e a literatura no próximo milênio.

Domingos A. Giroletti Do site ser professor universitário. Matéria publicada em 15/12/2011.

O papel do professor: Guiar o aprendizado

A facilidade com que os alunos interagem com a tecnologia também impôs uma mudança de comportamento em sala de aula. Hoje, já não é exclusividade dos mais jovens manter blogs, atualizar perfis em redes sociais ou bater papo com amigos na internet. A geração digital passou a exigir que o professor fizesse o mesmo - e ele está mudando pouco a pouco. Os motivos são claros. Em um mundo onde todos recorrem à rapidez do computador, nenhuma criança aguenta mais ouvir horas de explicações enfadonhas transcritas em uma lousa monocromática. "A tecnologia faz parte do cotidiano de todos os jovens. Os alunos esperam que o professor se utilize disso em sala de aula. Seu papel mudou completamente, mas continua essencial. Ele guia o processo de aprendizagem, sendo o elo entre o aluno e a comunidade científica", afirma Linda Harasim, professora da Universidade Simon Fraser, em Vancouver, no Canadá. O problema é, justamente, adaptar a tecnologia ao conteúdo pedagógico. É consenso entre os especialistas que não basta apenas investir em laboratórios, salas multimídia e projetores de luz. Muitas escolas, mesmo aquelas que gastam rios de dinheiro em equipamentos de última geração, deixam de lado o treinamento dos professores. Sem mudança na metodologia, as novas ferramentas são subtilizadas. "Passamos praticamente uma década do novo milênio e nosso modelo educacional ainda reflete a prática dos séculos XIX e XX. A internet ainda é usada, geralmente, como tampa-buraco ou enfeite nas salas de aula tradicionais", acrescenta Harasim. O professor de informática Jean Marconi, de Brasília, acompanhou de perto a dificuldade imposta pelos novos recursos tecnológicos. Quando o colégio onde trabalha investiu pela primeira vez em equipamentos digitais, a direção não se preocupou em desenvolver um novo método de ensino nem capacitar os professores. Marconi aproveitou a formação em tecnologia da educação e propôs à escola treinar seus colegas. Hoje, segundo ele, todos já têm contato com as novidades e criam projetos para suas próprias disciplinas. "O colégio tinha a proposta, mas andava a passos lentos. Fui, então, de professor em professor despertando a curiosidade. Consegui que houvesse uma integração entre o conhecimento do educador e a tecnologia. Mas há alguns que ainda têm medo de mexer com essas ferramentas". Para a pedagoga Sílvia Fichmann, coordenadora do Laboratório de Investigação de Novos Cenários de Aprendizagem (LINCA) na Escola do Futuro da USP, um dos motivos pelos quais os professores ainda resistem em utilizar a tecnologia é o receio de perder o posto de detentor único de conhecimento. "A internet rompeu com uma série de paradigmas. O professor, hoje, tem de se conscientizar de que não sabe tudo e precisa ser muito mais parceiro do aluno na busca pelo saber", afirma. Sílvia diz que não é fácil lidar com as novas ferramentas, mas cabe ao educador coordenar e orientar as tarefas. "O problema é que existem três tipos de professor: os que preferem o método tradicional, aqueles que não sabem utilizar a tecnologia e, finalmente, os que se adaptaram ao novo contexto. Eles convivem em uma mesma sala de aula, o que impede a adoção completa da tecnologia", completa.

Lousa interativa - As novas ferramentas nunca preocuparam a professora de Ensino Fundamental Éride Rosseti (na foto ao lado), de São Paulo. Com 32 anos de magistério, a educadora assistiu a passagem do quadro-negro para o magnético e maneja, agora, sem problemas a lousa interativa, que permite salvar as tarefas feitas pelos alunos, além de exibir imagens, músicas e vídeos. Incentivada pelo colégio, ela participa de cursos de capacitação e é usuária da comunidade virtual da escola, na qual posta comentários sobre as aulas e exercícios de fixação. "Com a tecnologia, posso interagir com os alunos em tempo real. É uma forma de eles não se sentirem sozinhos quando estão fazendo a lição em casa. As crianças adoram e o professor tem de cumprir o papel social de abraças as novas tecnologias", diz.

Criar um blog foi a alternativa encontrada pela professora de ciências carioca Andrea Barreto para incentivar o hábito da leitura entre seus alunos da rede pública. Sem recursos, ela criou um espaço virtual, no qual os jovens podem tirar dúvidas e participar das discussões feitas em sala de aula. "Percebi a necessidade de ensinar dentro desse novo contexto depois que vi o desinteresse dos alunos. Mesmo os alunos mais carentes acessam a internet das lan houses e isso aumentou o rendimento", observa.

Mas a educação high-tech também oferece riscos, sobretudo devido à variedade de informação presente na web. Com a experiência de quem mantém um blog, tem conta no Orkut e usa diariamente o MSN, o professor de química Paulo Marcelo Pontes, de Recife, diz que não há como evitar que um aluno deixe de acessar bate-papo ou qualquer outra ferramenta disponível na rede. "Competir com isso traz mais desestímulo do que satisfação. O professor tem de produzir materiais e conteúdos que façam os estudantes participarem ou se interessarem pelo que está sendo divulgado", conclui.

(Caio Barretto Briso, Kleyson Barbosa, Luís Guilherme Barrucho e Sofia Krause)

Matéria: Veja.com

O novo aluno: domínio tecnológico desafia a pedagogia

Imersos num universo rico em equipamentos e ferramentas como Google, iPod, MSN, celular, YouTube, Orkut, Facebook, estudantes reinventam a forma de se informar e gerar conhecimento. Hoje, crianças e jovens têm amigos, em todas as partes do mundo, que encontram a qualquer hora do dia ou da noite na tela do computador. Eles conversam com colegas da classe ao lado por meio de SMS, conhecem pessoas e estudam em comunidades virtuais. Por parecer incrível para os mais velhos, mas não é rara a criança que navega na internet com destreza antes mesmo de saber ler ou escrever. Esse novo mundo permite exemplos que desafiam a pedagogia atual. É o caso das irmãs Alice Godinho, de 5 anos, e sua irmã Isadora, de 7. Juntas, elas formam uma espécie de cooperação digital. Este ano, Alice pediu um notebook de aniversário. "Escolheu um rosa, porque é a cor preferida dela", conta Carla, mãe das meninas. Alice, que cursa a primeira série em um colégio particular de São Paulo, ainda não está totalmente alfabetizada. "Isso não impede que ela navegue no YouTube, ou entre em sites do colégio para fazer tarefas", garante Carla, que revela um detalhe curioso: "Já percebi que toda vez que a Isadora pede o notebook emprestado, Alice concorda. Mas ela sempre senta ao lado da irmã, porque já entendeu que observando ela aprende".

A discussão sobre o "bem e o mal" em passar horas na frente de um computador não existe para esse novo estudante. A maioria já concilia vida virtual e real com equilíbrio. Vitor Marellitut, de 14 anos, garante que não deixa de sair ou ver os amigos pessoalmente em troca do MSN, ou sites de relacionamento. Admite que fica pelo menos quatro horas sentado em frente ao computador todos os dias, mas garante que sabe discernir entre tempo de diversão e aprendizado. "Minha mãe não reclama. Ela sabe que eu jogo, mas também faço pesquisas e estudo", explica.

É comum, que adolescentes como Vitor, tenham a rotina abarrotada de novidades tecnológicas. Assim como é comum também que eles saibam usar essas novidades com habilidade - quase sempre, várias ao mesmo tempo. Navegam na internet, baixam programas de games, enquanto conversam no MSN, ouvem música no iPod ou usam o celular. E, é claro, a capacidade que esses jovens adquiriram de dividir a atenção em várias fontes simultâneas de informação exige uma nova estratégia do professor. O americano Marc Prensky, consultor educacional e designer de jogos educativos, diz que a aparente dispersão do jovem de hoje frente às diversas ferramentas tecnológicas é uma ilusão. "O aluno aprende quando está engajado em determinadas atividades - seja explorando possibilidades de resultado para um problema; em um joguinho de computador; ou simplesmente explorando algo desconhecido." Na sala de aula, a história pode ser outra. Com oito anos de experiência em lecionar e ciente desse novo aluno, o professor de geografia Gilberto Soares, do colégio Miguel Cervantes em São Paulo, constata: "São talentosos em fazer várias atividades simultâneas, mas não conseguem ficar focados muito tempo em um determinado assunto". O acesso à informação também torna o estudante mais crítico. "Há casos em que a gente passa um dado na classe e o aluno checa em casa, para ver se é verdade. É uma espécie de disputa pelo poder", ressalta Gilberto.

Nem tudo, porém, a tecnologia consegue mudar para melhor. A cola - um artifício tão antigo quanto o aprendizado - não deixou de existir. Só adquiriu contornos inusitados. Segundo o professor Soares, já houve casos em que alunos terminaram provas e mandaram mensagem de textos (pelo celular) para os amigos que ainda estão sendo avaliados. "Eles são criativos, já encontrei uma cola inteira digitada dentro de um iPod". A maioria dos professores e especialistas concorda que não é mais possível distanciar o novo aluno dessas modernidades tecnológicas. O desafio é justamente tirar o melhor proveito desses recursos. A lousa digital, por exemplo, já é comum em muitas escolas do país, é uma das coisas mais apreciadas por crianças e jovens. "Esses novos quadros são extremamente visuais", reconhece Juana Ordonez, professora de ciência naturais do colégio Miguel Cervantes, em São Paulo. "Antes de começar a aula, é necessário calibrar a imagem e fazer alguns testes com o computador. Em geral, os alunos adoram fazer essa calibragem", diz. "A gente deixa. Afinal, eles entendem disso melhor que nós".

(Caio Barretto Briso, Kleyson Barbosa, Luís Guilherme Barrucho e Sofia Krause)

matéria: Veja.com

O desafio da escola: manter-se indispensável

Diante de um novo aluno e da necessidade de um novo tipo de professor, as escolas atuais encontram um desafio que há muito tempo não se desenhava: manter-se indispensável. Não é uma tarefa fácil, considerando que a escola atual deve não só atender às demandas que surgiram nos últimos anos - e são muitas - como também preparar-se para um futuro próximo de mudanças tão rápidas e intensas quanto as que ocorrem com o comportamento de seus alunos. Já é rotina em centros urbanos do país, estabelecimentos equipados com internet, que utilizam recursos como diários virtuais e promovem avaliações on-line para atender aos estudantes. Laboratórios estão cada vez mais sofisticados e as ferramentas tecnológicas se multiplicam à disposição dos estudantes. "As instituições precisam estar atentas. Existem alunos com diferentes estilos de aprendizagem, alguns aprendem ouvindo, outros vendo e ainda há aqueles que aprendem fazendo e interagindo", analisa Silvia Fichmann. "O uso da tecnologia permite à escola atender a esses diferentes estilos de aprendizagem".

Os especialistas, no entanto, insistem que investir em tecnologia não basta. Para Silvia, a maior dificuldade das escolas não é ampliar o uso dos aparatos, mas saber aproveitá-los na metodologia do ensino. "Se a escola investe em tecnologia é preciso pensar na formação dos professores, para que esse investimento beneficie os alunos. Não adianta o professor dar aulas com toda aquela parafernália se a escola não os preparar para o uso efetivo das ferramentas".

A atenção em relação a esse aspecto já existe em colégios particulares como o Bandeirantes, em São Paulo. Há seis anos, alguns professores organizaram um grupo com o objetivo de testar a usabilidade e os resultados de toda tecnologia nova que a escola concordasse em colocar dentro das salas de aula. Foi o que eles fizeram com um controle remoto - o chamado CPS (Classroom Perfomance System) -, que ajuda nas votações feitas pelos alunos em classe. Inicialmente, o controle foi usado para pequenas avaliações, com perguntas relacionadas ao conteúdo ensinado. "Qual o resultado da soma 13 x 7?", por exemplo. Os professores, no entanto, deduziram que poderiam ampliar o uso do equipamento para traçar o perfil dos estudantes. Atualmente, o colégio promove enquetes para avaliar comportamento, preferências e opiniões dos jovens.

A coordenadora do departamento de tecnologia educacional do colégio Dante Alighieri, Valdenice Minatel, constata que por necessidade nos últimos anos, o método de sua escola também mudou. "Não trabalhamos com formatos prontos. Nós acompanhamos o professor na sala de aula e ajudamos na transição. Se não focarmos nas pessoas, não há qualidade de ensino", explica. Todo ano, o colégio promove webconferências com cientistas brasileiros a mais de 12 espalhados pelo mundo. Batizado de 'Conexão Antártica", os alunos conversam em tempo real com os pesquisadores utilizando o comunicador instantâneo Skype. Segundo Valdenice, "a escola tem de executar projetos ligados a uma necessidade pedagógica e utilizar a informática para solucionar problemas".

Os colégios particulares saíram na frente, mas a tecnologia também está mudando o ensino das escolas públicas. A escola municipal Joaquim Mendonça, em Orindiúva, pequena cidade de 6.000 habitantes na região norte de São Paulo é um exemplo. Referência de vanguarda no ensino público, o colégio atende 936 alunos e possui todas as salas de aula com lousas interativas e internet - coisa antes só vista nas escolas particulares. O investimento foi feito há três anos. "Não foi tão difícil se adaptar às lousas interativas. Mas alguns professores estranharam um pouco. A prefeitura pagou um curso de especialização para todos. Atualmente, temos aulas às terças e quintas-feiras via satélite. É um curso com professores universitários de Ribeirão Preto para melhorar nosso rendimento", conta Ana Maria Borges Barbosa, diretora da escola.

Mesmo com tantos investimentos, a pesquisadora da UFRGS Léa Fagundes considera que a escola ainda não entrou na cultura digital. "Hoje, esses estabelecimentos querem trazer as ferramentas digitais para continuar ensinando como no modelo industrial. A tecnologia digital não é uma varinha mágica, nem um sistema multiuso e polivalente que serve para tudo. Não depende do professor dizer se é bom ou não, porque hoje ninguém tem a resposta certa. Estamos todos em busca da verdade", acredita. "As condições culturais para a mudança pedagógica já estão dadas. A questão agora é apropriar-se delas e acreditar que se pode fazê-las. A resistência muito grande parte das concepções dos educadores de que sua missão é ensinar".

(Por Caio Barretto Briso, Kleyson Barbosa, Luís Guilherme Barrucho e Sofia Krause)




terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Novas técnologias: escolas na China

Na Escola de ensino fundamental na China,o uso de notebooks já é realidade em sala de aula desde a mais tenra infância. ,. A maioria dos países desenvolvidos já entendeu como funciona a edução do novo milênio: transformar a sala de aula em uma pequena empresa, com foco em resultados, gerenciada de forma moderna. Em alguns campus norte-americanos a ideia começa a vingar; e também na Ásia escolas e universidades experimentam a chamada “Educação do Futuro”. Mas a tendência é mundial.

Os cases mais exemplares são a Universidade de Indiana, a Universidade Multimídia da Malásia, a Koninklijke Bibliotheek (Biblioteca Real Holandesa), a Biblioteca Liaoning, na Província de Liaoning (China), o Museu Nacional da Austrália, o Museu Egípcio no Cairo e a Biblioteca Nacional Dinamarquesa para Cegos. Em todos esses lugares, a administração está voltada a resultados, com uma ampla oferta digital aos mestres e pesquisadores.

Entre as novidades tecnológicas à disposição de professores e alunos estão o gerenciamento eficiente e o armazenamento digital de documentos, áudio e vídeo, que facilitam a pesquisa; acesso remoto à informação, via rede (mesmo a alunos que não pertençam à escola); aprimoramento dos recursos de ensino, reutilizando e compartilhando conteúdo em toda a escola ou universidade; compartilhamento em tempo real de informações com outras instituições, para colaboração e instrução de pesquisa; e sistema de segurança para garantir a integridade de documentos valiosos exibidos online

A missão das escolas do futuro é criar um aluno mentalmente mais ágil, que se interessa por uma gama maior de matérias, que se sente observado e atendido pelo mestre em tempo integral e que tem à disposição os mais modernos instrumentos para avançar com segurança. É a sala de aula se transformando em um grande centro de sabedoria – e com capacidade real de educar um grupo de alunos cujas mentes estão o tempo todo sendo instigadas.

Como ensinar uma criança que vive em um mundo cada vez mais tecnológico? Com tecnologia de ponta, é claro. Alguns segredos são a criação de um cadastro digital de alunos, baseado em sistema ERP, que gerencia notas, faltas, aptidões, trabalhos pessoais e em grupo, a capacidade de concentração e o relacionamento com os colegas; a monitoração em tempo real de cada aluno pelo professor, que passa a dispor de um ferramental digital no seu dia-a-dia; investimento em novas plataformas (digitais) de ensino, tanto em sala de aula quanto à distância; e manter essas informações acessíveis também aos pais, via celular ou palm. O notebook e a Internet já são realidade em uma série de universidades norte-americanas, na Europa e na Ásia (os mestres utilizam a web e o PC para criar material a ser ministrado em sala de aula; os alunos navegam para fazer seus trabalhos e suas pesquisas; e muitos trocam informações via Bluetooth durante a aula). Mas somente tecnologia não basta. É preciso inteligência (inclusive artificial) para fazer com que a tecnologia fomente o interesse dos alunos e os ajude a enxergar uma dimensão mais ampla de mundo. Não é fácil, mas é fundamental. O sistema, portanto, tem de mudar – e no mundo todo. Porque o aluno mudou, e esta é a única variável sobre a qual os atuais professores (ainda) não têm controle.

Do site Planeta Inteligente - matéria publicada em 10/04/2009